quinta-feira, janeiro 19, 2006

Saldos e descontos

Deixei de cortar na casca durante muito tempo, mas estas eleições presidênciais... Eu juro que tentei ficar calada, recorri a vários tratamentos que me davam uma espécie de calmaria durante momentos, mas depois logo a seguir vinha a voz de um candidato, num comicio qualquer, e vontade de afiar o dente começava a subir novamente por mim acima... Peço desculpa mas é mais forte do que eu.

Começamos pela pré-campanha que, tomem nota, não é campanha. Funciona mais ou menos como os descontos para a época de saldos. Quando chegamos à época de saldos já só existem os tamanhos que não servem a ninguém.

Pois é, a loja S A do Prof Cavaco Sílva, enquanto teve os artigos em decontos publicitava que se ele fosse eleito, faria e desfaria, isto e aquilo. Na campanha dos saldos, apenas irá aconselhar e tentar não se meter.

As outras lojas ao ouvirem estes descontos da loja do Cavaco, criticaram. Entre estas críticas, a loja mais antiga das redondezas uma florista especializada em rosas, foi a que combateu os ditos descontos com maior veemência. "O Exmo. Sr. Professor, não deve ter bem noção o que é que representa o cargo de PR, e quais as funções que lhe competem." Quando este mesmo estabelecimento entrou na época de saldos, deixou simplesmente de emitir opinião sobre a tal loja ao lado.

A boutique esquerdina, que também tem poiso neste bairro político, teve os maiores descontos, aliás fazis descontos a tudo. Placares publicitários diziam: "Desemprego é a prioridade imediata!", "Em primeiro lugar está acabar com as baixas reformas", "Tem de haver dinheiro para a segurança social", "É imprescindível investir na educação e investigação". Entramos na época de saldos, os placares mudam: "Votem contra Cavaco", "Vosmecês, oh indecisos, votem Contra", "Eleger cavaco, é por uma poltrona em Belém". (Vai-se lá saber o que querem do homem, se diz que faz, é porque diz que faz. Se diz que vai lá só para ver a bola, é porque está lá só a ver o jogo.)

As livrarias também têm descontos e saldos. Contudo os descontos foram muito tímidos, um vai que não vai. Candidatas-te ou não. "depois não há ninguém por trás a aquecerme as costas´, mas se for só candidato me part-time talvez dê". A época dos saldo foi diferente: "Já ninguém lê", "Ninguém entra, ninguém compra" - nada de inédito num poeta, lamurias e melâncolias, fazem parte da sua inspiração, mas de repente sai-se com umas, e estas sim são de espantar. - "não está tudo perdido, e Milagres das rosas só a Rainha Santa Isabel"

Os comunas mantiveram sempre os mesmos slogans, para não gastarem muito na transição da época. "Tivemos um papel importante e fulcral na revolução de 25 de Abril, não se esqueçam"

Os trabalhadores portugueses, não tiveram condicões de fazer descontos, foi uma discriminação, mas nmão os deixaram, por isso entraram na época de saldos com uma grande desvantagem. O público todo já estava servido.